A batalha das Termópilas deu-se nos já
longínquos meses de Agosto ou Setembro, não se sabe precisamente, durante a
invasão Persa dos territórios gregos nos também mui longínquos anos de 480 – 479 AC. A coisa é simples de
contar, os Gregos assustados com o grande exército do Rei Xerxes da Pérsia,
estimativas actuais colocam os efectivos Persas à volta dos 150 mil homens
enquanto as forças combinadas das várias cidades estado Gregas totalizariam
cerca de 20 mil homens, que retiraram em boa ordem, deixando uma retaguarda
para atrasar o inimigo.
Essa retaguarda era composta por 300
cidadãos de Esparta, conhecidos pela ferocidade e por cerca de 5 ou 6 mil cidadãos
de outras cidades e Hilotas que eram escravos dos Espartanos e combatiam pelos
seus amos. Durante 3 dias fizeram frente aos 150 mil Persas, acabando por ser
derrotados, mas ganhando tempo precioso que permitiu aos Gregos ripostar com
valentia e derrotar novamente os Persas.
Os Gregos deram assim, com o seu
sacrifício, hipóteses para que a Europa, chegasse aquilo que é hoje, tiveram ainda
tempo para “inventar” o alicerce das sociedades europeias actuais, a
Democracia, lançando as bases para muitos dos conceitos que hoje são pedras
angulares da nossa sociedade ocidental.
Mas que interessa tudo isso, se hoje o
centro de decisão é Berlim, essa Berlim onde ao tempo em que Atenas já discutia
direitos e justiça democrática, os selvagens ainda se passeavam de clava na
mau, mal saídos ainda da idade da pedra, e é essa Berlim, que hoje encara os
Gregos como madraços, não com alguma razão. A Democracia é uma invenção
extraordinária, é o menos maus dos sistemas políticos como sói dizer-se nos
chavões que sempre utilizamos, para mim, socorrendo-me de Clausewitz, que me
perdoará a insolência a Democracia como hoje a conhecemos é apenas a
continuação da Ditadura por outros meios.
A Grécia soçobra afogada em dívidas e
roubalheiras, culpa de quem? Dos Gregos dizem os neo liberais tecnocratas da
treta. Culpa de todos, digo eu, culpa da Europa, desta Europa que é cada vez
mais Alemanha e menos Europa, ainda ontem a propósito das intensas negociações
com os Gregos, o que se ouviu desde logo é que o ministro alemão estava
descontente, mas afinal a Europa existe ou é apenas uma invenção?
Infelizmente a Europa há muito que não
existe, deste que as garras da Alemanha se apoderaram do poder que não existe
Europa, o que existe é a Europa que Alemanha quer que exista, uma Europa que
esqueceu a solidariedade, devíamos estar todos a tentar salvar os Gregos ao
invés de os estarmos a afundar, uma Europa que esqueceu a Democracia, na
prática todos hoje vivemos sob o jugo disfarçado de ditaduras opressoras,
chamem-lhe divida soberana, chamem-lhe FMI, chamem-lhe a ditadura das minorias
que tudo podem nesta Europa bastarda, chamem-lhe até Alemanha, um facto
indesmentível se alça acima de tudo, esta Europa tem muito pouco de
democrática.
O que está em causa neste momento, não
é tanto o dinheiro que a Grécia deve, o que está em causa, e sempre esteve
desde o início, é apenas ajoelhar e submeter os Gregos, submeter e achincalhar
o Syriza, que com razão ou não, é o partido que governa um país para o qual foi
devidamente eleito. E convém que se diga que é disso que se trata, apenas do
desejo da Alemanha submeter os recalcitrantes Gregos à sua hegemonia
padronizada, onde a Europa e Alemanha sejam as faces da moeda única.
E muito mal vai uma União, que ancora
os seus desígnios nas agendas secretas de um só país e que utiliza aquilo que
podemos chamar de terrorismo económico e financeiro para vergar um país. Não
esqueçamos porém que os Gregos são também culpados da sua desgraça, tal como
nós que nos demitimos de ser cidadãos e deixamos o país nas mãos da imundice
politiqueira do PSD, do PS e do CDS, e a súcia não se fez rogada, durante 30
anos, roubou, vigarizou e esbanjou a seu bel prazer, agora chegados ao tempo da
miséria, vemo-los a acusarem-se uns aos outros, quando todos sem excepção são
culpados.
Voltando à Grécia, o seu povo deu
muitas provas de ser um povo consciente, muito mais que nós portugueses, que
perto deles somos uns carneiros eunucos desprezíveis, capaz de terríveis
sacrifícios e lutador. No entanto este terrível ordálio tem um inimigo feroz,
um inimigo que só se saciará com a submissão e rendição incondicional, alguém
dizia há tempos que a Europa é a Alemanha, por ser o motor da economia e por
ser o maior contribuinte líquido da União Europeia, não disse é que a Alemanha
é quem mais lucra com a União Europeia, o seu grande mercado, muito têm lucrado
os bancos alemães com a especulação financeira promovida com a crise, onde
participam activamente.
Aliás esta crise financeira fictícia,
criada artificialmente pelo infeliz e mafioso compadrio entre os Estados e a
Banca, resultando em rios de dinheiro, em enxurradas de milhões para os bolsos
dos especuladores, e a crise foi tão somente isso, a oportunidade de criar
riqueza extra, até porque se ligarem ao timming das coisas a guerra do Iraque
estava quase no fim, Obama já tinha decidido retirar do Iraque e do Afeganistão,
os contratos de biliões iriam cessar e era preciso continuar a ganhar dinheiro,
e como num passe de magia, cai a Fanny May e o Freddy Mac e o subprime
americano, de seguida Madoff e depois todo o resto, qual dominó instável, até
aos países que com economias miseráveis como Portugal, não conseguiram resistir
à especulação e à trafulhice banqueira.
Será alcançado um acordo, disso estou certo, até porque a Alemanha sabe
perfeitamente que as consequências da saída da Grécia da zona Euro, podem fazer
perigar toda a estrutura da União e abalar o próprio statu quo germânico, por
isso será quase certo que os Gregos vão conseguir um qualquer acordo com o
Eurogrupo e com os credores internacionais, o triste é que se tenha chegado a
isto numa suposta União Europeia, que de União tem muito pouco, mas este texto
não é sobre acordos é sobre resistência, é sobre dignidade e decência, coisas
que na Europa parecem ter desaparecido.Um abraço, deste voss oamigo
Barão da Tróia
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